o som ensurdecedor do silêncio - Lu Madureira

O som ensurdecedor do silêncio

Você já teve a experiência de ouvir o som ensurdecedor do silêncio?

Uma vez, algum tempo atrás, fui visitar a nova casa de uns amigos em um Sítio no interior de SP. Fazia pouco tempo que haviam saído da grande metrópole para morar na paz do interior.

Para a minha surpresa, o local é longe de tudo. Para você ter uma ideia, em determinado ponto do caminho, acabou a estrada. Paramos o carro na frente de muito mato.

Com grande receio (confesso), mas confiando muito nas instruções que me fora dada, coloquei o carro no mato, na confiança de encontrar chão, e… Sim! Encontrei. Ufa!

Ao chegar no local, me deparei com um lugar lindo e bem silencioso. Passamos um dia maravilhoso, cheio de novas experiências e sensações diante da exuberância daquela natureza.

Quando chegou a noite e fomos dormir, a grande surpresa… A lua invadiu o quarto, e deixou o local ainda mais aconchegante, porem o silêncio… Era ensurdecedor.

Vou tentar te explicar melhor…

O som ensurdecedor do silêncio

Você já ficou alguma vez em algum ambiente tão silencioso que o único som que consegue ouvi é a batida do seu coração?

Pois é! Foi isso que sentir inicialmente. Depois, os sons e ruídos internos foram aumentando. Os sons da mente e do corpo em funcionamento deveriam ser incríveis, mas para mim estava assustador.

Sempre ouvi que o nosso corpo funciona como uma orquestra bem afinada, mas não era isso que eu ouvia.

Estamos tão acostumados a receber estímulos sonoros externos o tempo todo, que nem nos damos o trabalho de tentar ouvi o que se passa em nós.

  • Na meditação, precisamos nos concentrar na respiração (nos ouvir);
  • Quando corremos, é importante não haver interferências sonoras (músicas) ou visuais (TV), porque precisamos ouvir o nosso corpo (nos ouvir);
  • Quando dançamos a dois, precisamos respirar e sentir a frequência do parceiro para iniciar os passos (nos ouvir);
  • Uma orquestra quando vai começar sua apresentação, o oboé (instrumento musical de sopro) dá o primeiro acorde para que toda orquestra (organismo vivo) possa afinar (se ouvir).

Será que estamos nos ouvindo?

Hoje, o mundo frenético em que vivemos parou, talvez ele estivesse precisando se ouvir.

Naquela noite, não foi técnica, eu não tive escolha, eu precisei me ouvir. A única opção que me restou foi tentar identificar que “barulho” era aquele dentro de mim. Como era alto o som.

Então foi ali que percebi o quão desconectada eu estava comigo mesma. Talvez fazia parte da confusão de vida momentânea que eu estava passando.

Foi ai que percebi que, eu precisava me concentrar, afinar a orquestra do meu corpo e mente para consegui dormir, porque não existia nem som de grilo para me desconcentrar e me ajudar a interromper o encontro inevitável.

Respiração

Foi então que procurei ajuda da minha respiração, para oxigenar a minha mente e corpo para desacelerar todo aquele barulho e transformá-lo em música.

Consegui entender naquele momento, que os meus pensamentos eram visitas na minha mente, e eu que escolhia quais pensamentos entravam e saíam.

Se eu quisesse pensar em coisas boas, conseguiria, ou em coisas ruins, também poderia. Eu que escolho e determino o tipo de pensamento que fica na minha mente.

Vez ou outra, vinham alguns pensamento ruins insistentes (nosso cérebro reptiliano), mas logo eu afinava a orquestra e tudo tranquilizava.

30 minutos

Todo esse momento durou no máximo uns 30 minutos até que eu pegasse no sono. No melhor sonos até então.

Foram tantas sensações, que poderias descreve-las durante horas. Foi um momento simples porém intenso, tanto que eu lembro com riquezas de detalhes ainda hoje.

E você? Já se ouviu alguma vez? Sabia que os ruídos, ou conselhos, muitas vezes andam na contra-mão da sua essência?

Você está ou você é? O que você realmente acredita que está escutando?

Espero que esse meu momento tenha te ajudado a refletir um pouco sobre a importância de ficar um pouco sozinho, em quarentena algumas vezes, para entender mais sobre a sua essência e o caminho que está trilhando na vida.

Um forte abraço e até a próxima reflexão.

Lu Madureira.


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2 comentários

  1. Silêncio ensurdecedor nao e nada perto do maldito zunbido

  2. Sim. Já tive essa experiência. Moro em local silencioso nas madrugadas e sempre ouço esses ruídos do corpo e do mundo. O som da vida. A maioria já se esqueceu de parar pra ouvir… que pena!

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